fui eliminado do "
BBB dos escritores de Brasília". desde o começo fui considerado sem lirismo. meus contos não se encaixavam na visão poética dos
jurados. tudo bem, pensei, não estava mesmo gostando do desafio. parece despeito, mas não é. meu gosto é realmente bem diferente. prefiro histórias simples e bem contadas que a metarfórica “grande literatura”, que, para mim, é intragável. no Brasil, adoram exaltar
Guimarães Rosa e
James Joyce, autores dos livros mais chatos que já li, ou melhor, que abandonei, eu tinha coisas mais legais para fazer, como brincar com meu peru. esquecem que o tesão da leitura passa, necessariamente, pelo prazer. nas obras-primas deles, por exemplo, é tanto blablablá sentimental, tanta necessidade em alterar a língua para parecer único, que o resultado é hermeticamente intelectualóide, ninguém os lê. isso mesmo: são chatos, mas são citados como mestres (?). por outro lado,
Agatha Christie e
Conan Doyle, estrangeiros de séculos passados, com histórias absolutamente fora da realidade brasileira, porém, bem contadas e interessantes, alcançam mais leitores que todos os pretensos
gran literatos.
o que é
literatura? se for, necessariamente, a arte como dos textos homo-eróticos de
João Gilberto Noll, eu peço arrego.
não quero fazer parte do grupo. porém, se houver espaço para a diversão, como relatou
José Paulo Paes no ensaio "Por uma literatura brasileira de entretenimento (ou: o mordomo não é o único culpado)", dai continuarei na batalha, igual
Rubem Fonseca e seu Mandrake. escrevo o que gosto de ler, serei único?
se sou mediano, pueril e quase infantil, desculpem minha limitação. é que li
Alexandre Dumas e
Cervantes demais, achando uma delícia, e deixei
Clarice Lispector na estante, ela me cansa.
viva
bukowski! e não encha meu saco
Philip Roth.
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fui ao sarau (eita coisa chata) no
teatro goldoni para assistir a leitura das crônicas do parceiro
Roberto Klotz. tava cheio, uns 60 carros, porém nenhuma pessoa "sobrando".
- é aqui... - perguntei.
- sim... - disse a gordinha na portaria. - mas já está cheio e NÃO POSSO abrir a porta para vc entrar.
tudo bem, pensei, a literatura já está prestigiada demais mesmo, além disso, a cultura de brasília não precisa de mais participação. quem sou eu para exigir penetrar num ambiente tão nobre.
- tentei, klotz... - resmunguei antes de girar nos calcanhares e voltar para meu sacrosanto lar. ao menos não me entediei assistindo outro sarau (se literatura fosse para ser celebrada em grupo, não seria escrita). - mas não avistaram no convite que BARRARIAM os atrasados. como sou pirracento, não volto mais às tais
TERÇAS CRÔNICAS já que não querem minha presença.
que triste fim para algo que nem começou.