terça-feira, 11 de novembro de 2008

"literatura brasileira presta desserviço à leitura"

há, finalmente apareceu um macho nessa terra dominada por comadres literárias. o professor Felipe Pena, autor de "o analfabeto que passou no vestibular" (7 letras), fez uma crítica ácida no jornal O Globo ao que os doutores em letras chamam de literatura: "Os autores não estão preocupados com os leitores, mas apenas com a satisfação da vaidade intelectual. Escrevem para si mesmos e para um ínfimo público letrado, baseando as narrativas em jogos de linguagem que têm como único objetivo demonstrar uma suposta genialidade literária. Acreditam que são a reencarnação de James Joyce e fazem parte de uma estirpe iluminada. Por isso, consideram um desrespeito ao próprio currículo elaborar enredos ágeis, escritos com simplicidade e fluência. E depois reclamam que não são lidos. Não são lidos porque são chatos, herméticos e bestas. "
- hehehe, acaba com eles!

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como previ (pois vejo que sou pior escritor que desejava), meu conto O boné do meu pai não foi aprovado no concurso de crônicas astra. então tá.

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no post anterior, levantei meu incômodo com a forma de julgamento do BBB dos escritores de brasília (não estou desprestigiando o desafio, Marco, a alusão ao programa televisivo foi comentário do escritor Cristiano Deveras de goiânia e achei bem divertido). obviamente cada pessoa tem direito à opinião que desejar, contudo, a proposta era avaliar os escritores segundo os mais amplos critérios. não foi o que aconteceu, pois TODOS os jurados mostraram predileção pela prosa poética, pela alusão inspirada em detrimento do divertimento na leitura. Artur Adolfo e Washington Dourado, autores que prezam a história além da linguagem, tb foram eliminados de maneira desequilibrada, pois seus textos não mastigam os sentimentos. como a proposta era avaliar os diferentes tipos de textos, achei injusto o menosprezo por autores mais despretensiosos (e por isso muito mais interessantes - opinião minha).
em tempo: não estou cuspindo no prato que comi. pelo contrário, sempre me manifesto quando acho que as coisas podem melhorar.
o desafio dos escritores do núcleo de literatura da câmara, por conta disso, ficou bem parcial. na verdade, ficou parecido com todos os concursos que buscam os tais novos james joyces da literatura, esquecendo que para formar um gênio é preciso centenas de ordinários. como há esse DESSERVIÇO à leitura no brasil, que menospreza o simples prazer do texto, creio que não houve equilíbrio no desafio.

quem sabe no ano que vem eu aprenda a escrever, seja menos ácido, não escreva palavrões e ainda aprenda a fazer poesia. ai, sim, vou competir de igual para igual.

3 comentários:

Deveras disse...

O pior é que eu acho que também citei alguém com esse lance do "BBB dos escritores", mas como tava meio birituns, não sei quem. Talvez eu mesmo, mas dane-se... Foi só um comentário mesmo, tanto da minha como da sua parte. Mas assim é na vida e no topo das montanhas nevadas: basta um pequeno movimento para a avalanche... (hei, isso aí também é um lance legal, dá um conto, não?)

ficanapaz

Anônimo disse...

Acabei de descobrir teu espaço na net e tô curtindo.
Neste post especificamente, sou da opinião de que na escrita o que conta mesmo é o tesão do autor na criação,
é o deixar a imaginação se manifestar livremente, registrando-se no texto de acordo com as características particulares do escritor.

É uma pena que os concursos literários muitas vezes sejam tendenciosos...

Abraço

MPadilha disse...

é desse giovani que sinto falta...