quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ê dia ruim!

fui eliminado do "BBB dos escritores de Brasília". desde o começo fui considerado sem lirismo. meus contos não se encaixavam na visão poética dos jurados. tudo bem, pensei, não estava mesmo gostando do desafio. parece despeito, mas não é. meu gosto é realmente bem diferente. prefiro histórias simples e bem contadas que a metarfórica “grande literatura”, que, para mim, é intragável. no Brasil, adoram exaltar Guimarães Rosa e James Joyce, autores dos livros mais chatos que já li, ou melhor, que abandonei, eu tinha coisas mais legais para fazer, como brincar com meu peru. esquecem que o tesão da leitura passa, necessariamente, pelo prazer. nas obras-primas deles, por exemplo, é tanto blablablá sentimental, tanta necessidade em alterar a língua para parecer único, que o resultado é hermeticamente intelectualóide, ninguém os lê. isso mesmo: são chatos, mas são citados como mestres (?). por outro lado, Agatha Christie e Conan Doyle, estrangeiros de séculos passados, com histórias absolutamente fora da realidade brasileira, porém, bem contadas e interessantes, alcançam mais leitores que todos os pretensos gran literatos.
o que é literatura? se for, necessariamente, a arte como dos textos homo-eróticos de João Gilberto Noll, eu peço arrego. não quero fazer parte do grupo. porém, se houver espaço para a diversão, como relatou José Paulo Paes no ensaio "Por uma literatura brasileira de entretenimento (ou: o mordomo não é o único culpado)", dai continuarei na batalha, igual Rubem Fonseca e seu Mandrake. escrevo o que gosto de ler, serei único?
se sou mediano, pueril e quase infantil, desculpem minha limitação. é que li Alexandre Dumas e Cervantes demais, achando uma delícia, e deixei Clarice Lispector na estante, ela me cansa.
viva bukowski! e não encha meu saco Philip Roth.

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fui ao sarau (eita coisa chata) no teatro goldoni para assistir a leitura das crônicas do parceiro Roberto Klotz. tava cheio, uns 60 carros, porém nenhuma pessoa "sobrando".
- é aqui... - perguntei.
- sim... - disse a gordinha na portaria. - mas já está cheio e NÃO POSSO abrir a porta para vc entrar.
tudo bem, pensei, a literatura já está prestigiada demais mesmo, além disso, a cultura de brasília não precisa de mais participação. quem sou eu para exigir penetrar num ambiente tão nobre.
- tentei, klotz... - resmunguei antes de girar nos calcanhares e voltar para meu sacrosanto lar. ao menos não me entediei assistindo outro sarau (se literatura fosse para ser celebrada em grupo, não seria escrita). - mas não avistaram no convite que BARRARIAM os atrasados. como sou pirracento, não volto mais às tais TERÇAS CRÔNICAS já que não querem minha presença.
que triste fim para algo que nem começou.

11 comentários:

Larissa Marques - LM@rq disse...

ao meu lado tinha cadeira vazia, portanto a gordinha estava redondamente enganada!

Giovani Iemini disse...

eu saquei isso, mas não quis brigar. iria incomodar quem não tinha culpa.

Anônimo disse...

Reclame diretamente com Jones Schneider, o responsável pelo projeto. Ele é acessível e sensível: 9937-7180.

Mas já que o seu ponto-de-vista sobre os saraus é quase "convincente", preciso dizer que não concordo com você.

Klotz disse...

Sinto muito por sua eliminação no Desafio dos Escritores. Foi uma pena, você estava indo muito bem, tanto que em uma das rodadas você escreveu o texto mais bem pontuado, o melhor. Não acredito que estejam procurando algum Guimarães Rosa ou James Joyce. O meu texto mais bem pontuado “Central do Brasil virou Galeão”
http://robertoklotz.blogspot.com/2008/10/central-do-brasil-virou-galeo.html
é escrachado, popular e repleto de clichês, bem de acordo com aquilo que você denominou por leitura de entretenimento.
Adorei sua participação, meu conceito por sua escrita subiu de conceito. Muito.

Agradeço a sua presença e seu depoimento. Foi pena não ter a oportunidade de abraçar companheiro de escrita. Em relação à lotação do teatro, prefiro olhar outro lado. O meu.
Vou colocar no meu currículo: “Noite de Klotz Superlotou teatro”.

Anônimo disse...

Moço,

Nunca sei se seus escritos são Crônicas ou se suas Cronicas são sua fala. Sei que sempre me levam a refletir sobre... e gosto de disso.
PS: Estais vendo a vantagem de ser mulher...calcinhas segura melhor o modess (absorvente...absorver o que né?)
abs
Olivai Maia

Deveras disse...

ra a vida é assim mesmo, um dia tá na casa, no outro o Pedro Bilau te tá tchauzinho. Mas veja o lado bom: agora você poderá ir no domingão do fausão, onde a galera do BDE vai te fazer um daqueles lances de depoimento, que sempre fazem o entrevistado ir às lágrimas, ou então posar para alguma revista, hehehe

Mas sério agora. O barato deste tipo de desafio é fazer com que sua escrita seja testada em formatos que você ainda não havia tentado, podendo assim abrir o leque de opções. Gosto do teu estilo jogadão (pois eu mesmo faço isso grande parte das vezes), mas aquele conto "Senegal" mostrou uma faceta diferente, uma outra escrita do Sr. Ieminni. E isso, acho, foi o grande prêmio da parada, descobrir a própria diversificação.

Ou não, como diria Caetano.

ficanapaz, Obi Wan.

Anônimo disse...

Breves Ponderações

Vc Giovanni Iemini, até o último desafio semanal, participou do 2º Desafio dos Escritores e, caso deseje ainda pode continuar participando, pois não há (de fato) eliminados, uma vez que todos que desejaram continuam enviando textos e recebendo críticas.
Não cabe nenhuma resposta, naturalmente, mas me incomoda um pouco a sua deselegância de chamar uma proposta tão carinhosamente feita e organizada de BBB dos Escritores de Brasília, na semana em que seu trabalho foi mal recebido pelos jurados.
A crítica é assim, com liberdade, expressa-se, mas se vc reage tão mal é provável que todos os seus amigos tenham uma estranha unanimidade a favor do seu trabalho (pra que aborrecer vc, não é mesmo?)
Quanto a nós,sempre acreditamos que estivesse claro o objetivo do certame, mas, a julgar pelas suas observações, tenho que pensar que,talvez, alguns não tenham ainda compreendido o que se pretende.
Não há problema. Explico:
O Núcleo de Literatura do Espaço Cultural, e quem o freqüenta sabe, é um espaço para debate e produção literária, no qual, eu, Marco Antunes, gratuitamente ministro oficinas abertas a todos os interessados.
Tornou-se costume, entre nós, apresentar semanalmente uma "provocação" para motivar a produção dos participantes. Então, dentro de uma proposta lúdica e didática, pensou-se em um certame (que incluiria aqueles que não dispõem de tempo para freqüentar as atividades) em que a solidão do escritor seria rompida pela audiência da opinião de alguns escritores que, gratuitamente, mas com muito trabalho, propuseram-se a oferecer, não verdades absolutas (até porque é comum - e desejável - haver grandes discordâncias entre os jurados) mas opiniões de leitores que apreciam o exercício literário, diletantemente!
Há, no júri, duas cronistas, duas contistas, dois poetas;todos leitores apaixonados! E como leitores apaixonados é que emitem sua opinião, oportunidade para o autor receber uma crítica honesta de quem não tem outro interesse além de ajudar e dar toques, mas com clareza e às vezes com dura veracidade para com seu próprio gosto e preferências literárias, fruto da percepção individual e da experiência particular de cada um.
Participar de um tal certame pressupõe a grandeza da humildade e a capacidade dialética de separar, das opiniões, o que é pertinente do que assim não parece ao autor.
Eu, curto narratologia e boa poética, conheça meu próprio trabalho pessoal e verá, e dessa ótica, procuro opinar; a Liana, que é uma excelente contista, perspicaz e inteligente, prefere definir-se como uma leitora disponível para ser surpreendida; Luci é uma cronista de raro humor e sensibilidade social, aprecia textos líricos e é franca nessa tendência, nunca, no entanto, demonstrou qualquer preconceito de gênero; Alexandra é outra cronista que, estou certo, mais cedo ou mais tarde será descoberta pelo grande público, pois que sensível, densamente poética, disponível para a vida, apaixonada pelo trânsito insano da experiência humana, gosta de literatura e está aberta a tudo que de boa alma e intenção se puserno papel; Lorenza é crítica, ácida como seus contos, não curte devaneios e propostas que não se sustetam no próprio caminho escolhido, pode chocar pela franqueza, jamais pela omissão e Cida Sepúlveda é escritora já consagrada, aplaudida por nomes do porte de Manoel de Barros, poeta com quem freqüente e amigavelmente divirjo e discordo e, Deus sabe, o quanto esse embate me fez crescer e melhorar como escritor professor e pessoa, Cida gosta de originalidade e em sua gigantesca generosidade, tem a alma aberta a todas as vanguardas e todas as propostas.
Só oferecemos isso: opiniões e convívio franco; até porque o concurso é pobre de prêmios: a edição de um livro com os melhores textos, para o ano que vem, e o brilho simbólico de um troféu. Mais nada!
Supomos, assim, que todos desejavam, ao se inscreverem, apenas conviver literariamente e romper a solidão onanística do escritor de que todos nos ressentimos.
Sempre abertos ao diálogo e ao convívio generoso e amigável, estamos aqui, trabalhando honestamente e sem outro propósito que não seja o de crescer juntos.
Marco Antunes
Coordenador do Núcleo de Literatura do Espaço Cultural da Câmara dos Deputados

Anônimo disse...

dia ruim, mas inspirador.
muito bom de ler! ousadia, movimento, interação.
a "contra mão" escrita foi melhor.

Anônimo disse...

dia ruim, mas inspirador.
muito bom de ler! ousadia, movimento, interação.
a "contra mão" escrita foi melhor.

Juliana Dacoregio disse...

Gostei do seu texto. Apesar de adorar Clarice Lispector, concordo com você que alguns autores são muito citados e pouco lidos. Também não gosto de obras rebuscadas, herméticas e pretensiosas e, sem dúvida, acredito em literatura que alie qualidade à diversão. Mas passei por aqui para dizer que seu comentário dizendo que faço bom uso dos palavrões para reforçar minhas idéias veio na hora certa. Havia acabado de receber uma crítica de minha mãe (leitora assídua de meu blog) por ter usado a palavra CU. Mas mãe é mãe e sempre vai achar um absurdo ver os filhos utilizando "palavras de baixo calão". Mesmo assim, às vezes, fico na dúvida se devo usar ou não um palavrão, mas há momentos em que é o que se encaixa melhor. Acaba sendo inevitável. É bem como você falou, eles são usados para reforçar as idéias, para causar impacto.
abraço
Ju Dacoregio (heresia loira)

Unknown disse...

"Fui ao sarau (eita coisa chata)"
Vc me faz rir, com esse humor sarcástico e direto.